

Partisan
Diretores australianos são reconhecidos por manusear o incomum, seus filmes indies analisam personagens alijados do meio social e, invariavelmente, possuem um realismo orgânico imerso na violência.
Ariel Kleiman firma-se aqui como um mais novo nome a ser acompanhado dessa recente safra de diretores interessantíssimos da ilha-continente do outro lado do mundo. Em seu primeiro longa, Kleiman se apoia na força bruta do grande Vincent Cassel para arquitetar um espinhoso trabalho de decifrar o mundo bucólico de um justiceiro psicótico.
Cassel é Gregori, um homem controverso que lidera uma comunidade fechada, com suas próprias regras, formada por mulheres violentadas sexualmente e seus filhos. Nessa sociedade surreal, ele treina seus protegidos para vingar suas mães, criando uma associação de crianças assassinas. Alexander (Jeremy Chabriel), o novo prodígio moldado por Gregori, será o indivíduo que desafiará a harmonia da coletividade.
Kleiman constrói um organismo homogêneo surpreendente, dotado de uma capacidade de incitar uma profunda reflexão sobre autoridade, manipulação, doutrinação, vingança, fobia, patriarcalismo, opressão e consanguinidade. Cassel e seu pupilo Jeremy, dão um show de performance inserindo-se de forma súbita e memorável neste ambiente claustrofóbico e facista.
Com seu cinema reto envolto em mistérios, Kleiman elabora seus próprios mandamentos desenvolvendo uma obra inovadora e sem lapsos, por vezes facínora, tamanha sua precisão.